Riga, uma incrível surpresa do Báltico
Conforme explicado no post sobre a Letônia, Riga é sua capital e maior cidade (a maior também dos Países Bálticos!), com mais de 600 mil habitantes e o letão é o idioma oficial, embora a maioria da população fale inglês.
A ocupação da área que se tornaria a cidade de Riga teve início há quase 2 mil anos, como um centro de comércio dos vikings. No entanto, a fundação da cidade ocorreu em 1201 durante a cristianização da região báltica e seu crescimento e estabilidade foram viabilizados com a participação como membro da Liga Hanseática – uma confederação de cidades e mercadores com intuito comercial e defensivo entre seus membros. Nos séculos seguintes ocupou importante destaque durante as ocupações polonesa, sueca e russa, até a independência da Letônia em 1918, interrompida com a dominação soviética, nazista e, novamente, soviética até 1991. Desde então se modernizou e se desenvolveu, hospedando importantes eventos europeus, mas seu belo centro histórico foi preservado e considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1997.
Veja nosso guia para a cidade:
Qual a melhor época para ir em Riga?
É uma cidade com temperatura média muito baixa no inverno (3ºC negativos), poucas horas de sol e grande chance de neve. Portanto, considere ir entre maio e início de setembro, sobretudo junho a agosto, quando as temperaturas são amenas (variação entre 6ºC e 16ºC em maio e setembro e entre 10ºC e 21ºC entre junho e agosto) e os dias bem longos. Visitamos em agosto de 2017, quando encontramos uma cidade com temperatura agradável.
Quanto tempo ficar em Riga?
O centro histórico é bem compacto e facilmente percorrido a pé. Recomendamos pelo menos um dia inteiro para curtir a cidade e suas estreitas e graciosas ruas medievais. Chegamos de ônibus de Tallin, capital da Estônia, e ficamos quase dois dias inteiros na cidade, o que foi formidável para curti-la sem pressa. Essa seria nossa sugestão, sobretudo se não for entre junho e agosto!
Como chegar em Riga?
Existem duas opções (os trens dificilmente serão diretos!):
- Avião: geralmente não é o primeiro nem o último destino dos turistas que visitam a região, mas a cidade conta com um aeroporto localizado a menos de 15 km do centro histórico, facilmente acessível por ônibus ou táxi.
- Ônibus: ótima (e barata) opção para os que viajam pelos Países Bálticos. A empresa de ônibus estoniana Lux Express é excelente, com deslocamento entre Tallinn, Riga e Vilnius com duração de 4 horas cada! Utilizamos entre Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia e não nos arrependemos: os ônibus são novos, confortáveis e com um sistema multimídia semelhante ao dos aviões mais modernos.
Onde ficar em Riga?
Ficamos no Wellton Centrum Hotel & SPA. O hotel foi formidável, bem perto da estação de ônibus e dentro do centro histórico, com um quarto amplo, moderno e confortável e um excelente café da manhã.
A cidade possui várias outras opções de hotéis (veja todos aqui). Recomendamos os cinco estrelas Pullman Old Town, Grand Palace Hotel e Dome Hotel & Spa, os quatro estrelas Wellton Hotel & SPA, Avalon Hotel & Conferences, Radi Un Draugi e Hotel Justus, e os três estrelas Boutique Hotel Man-Tess, Rixwell Domus Hotel e Hotel Forums.
O que fazer? Roteiro Diário!
Montamos um roteiro considerando o terminal de ônibus como ponto de partida. Aproveite para conhecer o Rīgas centrāltirgus (ou Mercado Central de Riga), um dos maiores mercados da Europa, construído no início do século XX. Com mais de 72 mil metros quadrados distribuídos em cinco grandes pavilhões mais uma área externa, conta com mais de 3 mil stands de venda. Uma curiosidade interessante é que cada galpão está voltado à venda de determinado produto, como por exemplo, laticínios em um, carnes em outro e pescados em um terceiro!
Praticamente ao lado está a Zinātņu akadēmija (ou Academia de Ciência da Letônia) em uma construção típica soviética da Guerra Fria, muitas vezes chamada de classicismo socialista, presente em outros países como Polônia e Rússia, sobretudo em Moscou (“os arranha-céus de Stalin”). Não deixe de atentar para a ornamentação com o martelo e foice que representaram o socialismo.
Cruze o pequenino canal pela passagem subterrânea para conhecer o centro histórico de Riga, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. As ruas e praças, muitas restritas a pedestres, são encantadoras! Uma das maiores delícias é se perder por elas.
A primeira parada é a Sv. Pētera baznīca (ou Igreja de São Pedro), cuja primeira edificação data de 1209, tendo passado por reformulações e reconstruções durante a história de quase mil anos, o que garantiu elementos góticos, romanescos e barrocos.
Na praça que circunda a igreja existe uma famosa estátua de 1990 chamada Brēmenes muzikanti (ou Músicos de Bremen), uma alusão ao conto de fadas dos Irmãos Grimm com uma conotação política, na qual os animais observam além de uma cortina de ferro, representando o fim da União Soviética.
Siga pela kungu iela para a Praça da Prefeitura, uma das mais importantes da cidade, com uma estátua de Roland, famoso governante germânico. Além da Rīgas dome (ou Prefeitura), observe o marco onde há mais de 500 anos foi erguida a primeira árvore de Natal da Letônia e a belíssima Melngalvju Nams (ou Casa dos Blackheads), sede de uma importante irmandade de origem germânica, construída no século XIV e reconstruída no final da década de 1990 após ser destruída na 2ª Guerra Mundial e ter seus destroços demolidos pelos soviéticos.
Ainda na praça, visite o Latvijas Okupācijas muzejs (ou Museu de Ocupação da Letônia), que retrata os 51 anos de ocupação soviética.
Atenção: quando estivemos em Riga (e em 2020 este dado segue idêntico!), a exposição permanente do museu estava disponível em outro local (Raiņa bulvāris 7), próximo à Catedral da Natividade (será o final de nosso roteiro!). É imperdível, contando de forma sucinta esse triste período da história letã!
Do outro lado do museu, está a Piemineklis Latviešu strēlniekiem, uma estátua de 13 metros de altura em homenagem à infantaria letã de 1915 a 1920.
Retorne para a praça e siga pela Tirgoņu iela e sua continuação Kramu iela – primeira rua da cidade – até o final, onde está o famoso restaurante 1221, com uma alta cozinha em uma casa construída justamente no ano de 1221, quando a cidade foi fundada.
Vire à direita para visitar a Rīgas Doms (ou Catedral de Riga). Construída em 1211 é considerada a maior catedral medieval dos Países Bálticos, com inúmeras modificações em seus mais de 800 anos.
Se quiser um pequeno lanche, sugerimos um pequeno desvio para a Šķūņu iela e, em seguida, à direita na Tirgoņu iela até o gracioso Café Rigensis (Tirgoņu iela 8), com uma agradável área externa e deliciosas tortas e cookies.
Caso contrário, siga pela Jēkaba iela, vire à esquerda na Mazā Pils onde estará o Trīs Brāļi (ou Três Irmãos). Esse conjunto de três casas forma o mais antigo complexo de casas de Riga, construídas entre o século XV (a da direita) e XVII (a da esquerda).
Prossiga até o final da rua para o agradável jardim em frente ao Rīgas pils (ou Castelo de Riga). Fundado em 1330, o castelo foi remodelado e reconstruído algumas vezes, ganhando algumas áreas anexas e tornando-se residência oficial do Poder Executivo em 1922. Achamos a conservação um pouco abaixo do esperado.
Dois quarteirões adiante, na Torņa iela, estão as Jēkaba kazarmas (ou Quartel de Jacob), uma sequência de casas que abrigaram militares desde o século XVIII e onde atualmente funcionam lojas e restaurantes. Não deixe de observar três construções medievais do outro lado da calçada: as muralhas da cidade – construídas entre o século XIII e XVI -, o Zviedru vārti (ou Portão Sueco) de 1698, erguido para celebrar a ocupação da cidade pelos escandinavos, e a Pulvertornis (ou Torre de Pólvora, atual Museu da Guerra), construída no século XIV e reconstruída, após a invasão sueca, em 1650 com paredes de 2,5 metros de espessura.
Continue pela Meistaru iela até a Kaķu nams (ou Casa do Gato). Construída em 1909, é um prédio em estilo art noveau famoso pelos dois gatos no topo de suas torres. Existem algumas lendas a respeito dos gatos: a mais célebre é que os gatos estariam de costas para a Grande Guilda, principal irmandade comercial da cidade, após uma recusa de ingresso do dono da casa na mesma; a outra (e mais antiga!) é que as costas seriam para a Prefeitura após uma disputa entre o dono e o conselho municipal. Posteriormente as estátuas foram viradas para a posição esperada!
Poucos passos adiante está o Līvu laukums, uma linda praça cercada por restaurantes, além da construção gótica aonde já funcionou a Grande Guilda que explicamos acima.
Na próxima quadra, pela Kaļķu iela, antes de chegar no Brīvības piemineklis (ou Monumento da Liberdade), em homenagem aos soldados da Letônia mortos durante a Guerra de Independência entre 1918 e 1920, está o “Laimas” pulkstenis (ou Relógio Laima). Esse simples, mas histórico relógio de 1924, ganhou em 1936 o logo da Laima, antiga e famosa fábrica de doces letã em 1936, no mercado desde 1870. Do outro lado da rua existe uma loja oficial da marca.
Cruze o Bastejkalna parks, um encantador parque cortado por um pequeno canal. Dentro do parque, do lado direito, está a Latvijas Nacionālā opera un balets (ou Ópera Nacional da Letônia) em uma construção de 1863 em estilo clássico. Vale destinar um tempo para passear pela área!
De volta ao Monumento da Liberdade, continue pela larga avenida Brīvības para conhecer o Esplanāde, mais um verde parque de Riga. Além de algumas esculturas e locais de contemplação e descanso, a imponente Rīgas Kristus Piedzimšanas pareizticīgo katedrāle (ou Catedral da Natividade de Cristo) chama a atenção. Construída durante o período de domínio pelo Império Russo, a arquitetura neobizantina e a iconografia no interior remetem às belas igrejas russas! Para visitar é necessário estar de saia longa ou calça comprida.
Se estiver com tempo sobrando, bem ao lado da catedral fica um pequenino café com doces locais. Foi um dos poucos lugares da viagem onde ninguém falava inglês, o que não trouxe qualquer dificuldade, pois a cultura do “apontar” é sempre uma ótima solução! Sente na formidável varanda no fundo do café, de frente para o parque.
Para finalizar o dia com uma gastronomia excelente, sugerimos o Petergailis (Skārņu iela 25) na praça da Igreja de São Pedro. Jantamos na primeira noite e foi sensacional – o ambiente e o atendimento perfeitos! Bebemos duas cervejas locais e pedimos de entrada batata rosti com truta do mar, queijo de cabra e caviar de truta e tartar de truta do mar com abacate.
Os pratos principais foram filé de catfish com purê de cenoura e espinafre frito e costela de porco no estilo letão com molho de queijo verde e vegetais com cogumelos. Para fechar, sorvete de Zabaglione com calda de vinho e cereja quentes. Tudo com uma apresentação impecável e um sabor incrível!
Como ficamos dois dias na cidade, tivemos a oportunidade de conhecer outro restaurante ótimo, embora mais simples – Garden (Kungu iela 2). Pedimos a tradicional sopa de repolho no pão e a ervilha preta com bacon e sour cream de entrada, seguido da típica bloody sausage com repolho e o lituano cepelīni com molho com bacon e salada de rúcula (um bolo de batata recheado!).
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que graça essa cidade! Puro charme! e esses pratos? agueeei demais aqui, todos super caprichados
A culinária báltica nos surpreendeu de forma muito positiva! Maravilhosa!
Nunca tinha ouvido falar de Riga! Parece muito charmosa. Adorei a casinha azul e os pratos parecem uma delícia. É muito bom encontrar essas surpresas de viagem, né?
Com certeza Gabriela. Lugares que fogem totalmente do inesperado e do padrão são formidáveis!
Achei a arquitetura e pintura do 1221 a coisa mais fofa da vida!! Parece casa de boneca! Tenho muita vontade de fazer um tour pelos países bálticos e adorei seu relato sobre Riga. Com certeza será levado em consideração!
Olá Manuela. É lindíssima!
Temos a certeza de que não irá se arrepender em conhecer a cidade.
Qualquer dúvida é só falar conosco.
Gente, nunca tinha ouvido sequer falar desse lugar! Que arquitetura mais linda! Adoro conhecer lugares assim, que não são batidos! Obrigada por compartilhar!
Somos nós que agradecemos pela visita e ficamos felizes que tenha gostado!
Esses lugares pouco falados são sempre uma surpresa especial!
Adorei o roteiro! Muito bem explicado e adorei também a dica de comida! O Tartar de frutos do mar parece fantástico, deu muita água na boca! Obrigada por compartilhar as experiências e dicas!!
O prazer foi todo nossa Jacqueline.
Ficamos muito felizes que tenha gostado e, de fato, o tartar estava fabuloso!
Deve ser incrível conhecer uma cidade com uma história tão antiga quanto rica, que ficou sob o jugo de outras nações vizinhas no passado. Certamente colocarei em minha lista. ?
Olá Sil. Temos a certeza de que não irá se arrepender. Riga, assim como as demais capitais do Báltico, apenas alcançou a independência recentemente, o que é claramente percebido durante a viagem pela região, com uma história de domínio tão recente como você mesma disse.
Eu sempre viajo com vocês nos posts, amo esse lugares que vocês vão (na próxima me leva na mala hahaha), interessante essa casa dos gatos e sua história, sem contar com essas construções que ficavam os militares, deve ser uma sensação incrível relembrar esses passados, adorei esse post
Olá Paulo. O objetivo dos nossos posts é justamente esse é o prazer de alcançá-lo é imenso. Certamente o centro histórico de Riga é, de fato, uma incrível viagem ao passado. Obrigado pelp feedback!
Tenho tido cada vez mais voltade de conhecer os países bálticos. E, às vezes, me pego lendo posts sobre Tallin e Riga. E este foi o melhor que li sobre a última. Super completo, com lugares que nem sabia da existência ainda. Aliás, Riga parece ter mais coisa para conhecer do que eu imaginava. Mas pelo que entendi fica tudo perto, né? Um dia, irei! Parabéns pelo post!
Ola Erik. Ficamos muito felizes que tenha gostado do nosso relato e temos a certeza de que não se arrependerá em conhecer esse pedacinho da Europa.
Todas as três são bem compactas e, por isso, é fácil conhecer tanta coisa em tão pouco tempo.
Adoro ler sobre esses países s que quase ninguém conhece!
Thiago, sua riqueza em detalhes faz a gente viajar junto contigo… adoro ler seus posts!
Estava com saudade de passear por aqui. Parabéns mais uma vez! Riga entrou pra wish list…
Beijão!
Ola Rayane.
Muito obrigado. Nosso objetivo é justamente esse: despertar a curiosidade e permitir que o leitor viaje conosco.
Grande beijo.
Que cidade linda!! Um charme essa arquitetura… incrível como da pra fazer tanta coisa em 1 dia! Fiquei aguando nesses pratos incríveis e doida para experimentar! Eu amaria conhecer a Letônia!!
Olá Isabelle. O fato de ser compacta permite fazer muita coisa em um dia apenas, sobrando até um tempinho para desfrutar da maravilhosa culinária.
Nunca tinha ouvido ou lido sobre Riga, achei fascinante!!! Os pratos estavam chamando minha atenção enquanto lia, mas chamou mais atenção da minha parceirinha (minha filhinha) que falou: “Mãe, esses pratos estão tão lindos.. acho que devem ser muito saborosos!”
Olá Aline. Que bom que gostou do post e é um prazer saber que sua parceirinha gostou dos pratos. Pode ter certeza de que ela irá amar quando for!
Amei seu post. Também tenho loucura por viagens, já tenho algumas marcadas para esse ano e estou pensando em ir aos países bálticos ano que vem. Gostei das dicas e das fotos. Fiquei ainda mais interessada na viagem!!
Olá Flavia.
Ficamos muito felizes que tenha gostado do nosso post e pode ter a certeza de que não irá se arrepender em incluir Riga na passagem pelo Báltico.
Se tiver qualquer dúvida, não hesite em nos perguntar.