Lima em dois dias
Como explicamos no roteiro do Peru, Lima é a capital e maior cidade do país, com uma população em torno de 10 milhões de habitantes. Localizada em uma região desértica banhada pelo Pacífico, é dividida em distritos com relativa independência, o que amplia as disparidades de segurança e urbanização.
Antes da chegada dos espanhóis, a região de Lima fazia parte do império Inca, mas rapidamente foi conquistada pelos colonizadores, tornando-se capital do Vice-Reino do Peru. Apesar de grande desenvolvimento econômico e importância política, a cidade sofreu com desastres naturais e conflitos até a sua independência, no início do século XIX. No entanto, a retomada do crescimento ocorreu apenas nos anos 1890, sendo interrompido por um novo terremoto na década de 1940, seguido de nova expansão e reestruturação urbanística. Atualmente possui papel de destaque na região, com uma culinária mundialmente reconhecida e tendo recebido eventos importantes, como os Jogos Pan-Americanos de 2019.
Veja nosso guia para a cidade:
Qual a melhor época para ir à Lima?
Pela proximidade com a linha do Equador, a cidade possui um inverno ameno e ligeiramente mais chuvoso com temperaturas médias entre 15ºC e 20ºC e um verão quente e seco (média entre 20ºC e 26ºC). Portanto, a cidade pode ser visitada durante todo o ano, mas como costuma fazer parte de uma viagem até Cusco e Machu Picchu, recomendamos o período entre maio e setembro. Fomos em abril de 2014 e felizmente não tivemos qualquer problema com o restante da viagem!
Quanto tempo ficar em Lima?
O centro histórico não é muito grande e pode ser facilmente percorrido a pé, mas existem outros bairros que merecem a visitação, conforme descreveremos no roteiro. Por isso, o tempo mínimo que recomendamos é de dois dias inteiros.
Como chegar à Lima?
A maior parte dos brasileiros chega de avião, existindo voos diretos entre algumas cidades brasileiras e Lima. Não existe trem ou metrô e, portanto, o translado ideal é o táxi credenciado – o número de veículos clandestinos é imenso – ou transporte por aplicativo, como o Uber. Para percorrer os cerca de 20km até Miraflores, gasta-se entre 30 minutos e 1 hora. Caso opte pelo táxi, o valor varia (e muito) de acordo com a empresa e, portanto, vale pesquisar nos guichês após o desembarque, mas ainda dentro do saguão.
Onde ficar em Lima?
Sem dúvida alguma, o distrito mais charmoso e seguro para se hospedar é Miraflores. Para os que conhecem Santiago do Chile, seu equivalente seria o bairro da Providencia. Ficamos no Four Points by Sheraton Miraflores – novíssimo com quartos e banheiros amplos e limpos, café da manhã ótimo e localização excelente, permitindo que fizéssemos todos os pontos turísticos de Miraflores a pé.
Existem centenas de opções na cidade (veja todos aqui). Recomendamos em Miraflores os cinco estrelas Casa Andina Premium, Crowne Plaza e DoubleTree El Pardo, os quatro estrelas Del Pilar, Courtyard by Marriot, Radisson Red e Arawie os três estrelas Tierra Viva Centro, Tierra Viva Larco, La Luna Inn e Libre Hotel.
O que fazer? Roteiro Diário!
Dedique o primeiro dia ao distrito, cujo charme está no passeio a pé. Comece no Parque 7 de Junio (também conhecido como Parque Central de Miraflores). O estado de conservação de seus jardins é magnífico. Não deixe de fotografar a Municipalid do distrito (funciona como uma prefeitura!) e conhecer a Iglesia Virgen Milagrosa, pequena mas bonita.
Continue o passeio pelo Parque Kennedy (estava em obras) e pela famosa Calle de las Pizzas, com inúmeros restaurantes, bares e, é claro, pizzarias na própria rua e em suas transversais.
Retorne para a Av. Jose Pardo e caminhe até a Avenida La Mar, famosa por seus restaurantes. Aliás, como dissemos, Lima está no mapa gastronômico mundial, com uma cozinha elaborada e definitivamente saborosa, com destaque para os pratos com frutos do mar. Nas últimas avaliações, possui dois restaurantes entre os 50 melhores do mundo, sendo que um deles (o Central) está entre os dez primeiros. Infelizmente não conseguimos reservá-lo!
Uma boa opção para almoço é o La Mar Cebicheria (na própria Av. La Mar, 770), um dos muitos restaurantes de Gastón Acurio, renomado chef peruano. O restaurante funciona apenas para almoço, pois servem (e vendem) em sua maioria os pescados super frescos do próprio dia. Muitos trabalhadores do entorno almoçam nesse restaurante, portanto, para não perder tempo com filas vale chegar cedo. A experiência foi formidável. Serviram os famosos chips e pedimos uma degustação do “carro-chefe” (o típico ceviche peruano – peixe cru marinado em frutas cítricas acrescido dos mais diferentes temperos) de entrada e o peixe do dia com frutos do mar de prato principal. Deliciosos! Para beber, fica a dica de a cada restaurante escolher um drink diferente – a criatividade dos peruanos é incrível.
Cruze as transversais até a região beira-mar, repleta de parques que ficam no alto das falésias margeadas pelas praias do Pacífico. Os espaços verdes são extremamente bem conservados, tornando o passeio maravilhoso. Um desses parques, conhecido como Parque del Amor, inaugurado em 1993, possui uma grande escultura representando o beijo de um casal.
Outra sugestão local é provar a Inca Kola, o “guaraná” deles. Não gostamos porque é muito doce, mas valeu a experiência.
Termine o passeio no Larcomar, um shopping com grande área aberta, outras opções de restaurante e uma espetacular vista para o Pacífico.
Para o final do dia (ou noite!), sugerimos o Museu Larco, rico museu de arte pré-colombiana com destaque para as relíquias eróticas, seguido do passeio no Circuito das Águas. Infelizmente o último não estava aberto nos dois dias que passamos em Lima.
No segundo dia acorde cedo. O transporte em Lima é horrível e o ideal, por falta de opção, é utilizar um aplicativo de transportes (como o Uber) ou o péssimo táxi – os carros são velhos e o valor é combinado antes de ingressar no carro, com uma diferença inacreditável que pode chegar ao dobro para a mesma corrida. A primeira parada é a Plaza Mayor no Centro Histórico, a aproximadamente 20 minutos de Miraflores.
A Plaza Mayor reúne os principais pontos históricos e da administração executiva peruana: a Catedral de Lima e suas catacumbas (enorme e belíssima – vale a entrada!), concluída em 1649 em estilo neoclássico, o Palacio Arzobispal (sede da arquidiocese) em estilo neocolonial do início do século XX, o Palacio de Gobierno (residência oficial do Presidente do Peru), construído em 1937 dentre outros prédios administrativos.
A apenas duas quadras da praça pela rua Jirón Junín e, em seguida, pela Lampa (5 minutos a pé), encontra-se a Basilica y Convento Basílica de San Francisco, fundada em 1535, mas reconstruída no século seguinte após um terremoto devastador. É uma atração imperdível com uma excelente visita guiada, passando pelas catacumbas e inúmeras obras de arte.
De táxi, aplicativo (como Uber) ou a pé, continue para a azul Igreja de la Recoleta (na Plaza Francia), construída em estilo neogótico. Infelizmente estava fechada.
Siga pela rua Jirón Camaná e termine o passeio pelo centro histórico no Paseo de Los Heroes Navales, onde ficam o Palacio de Justicia (Suprema Corte do Peru(, inaugurado em 1938 em estilo neoclássico, o Museo de Arte Italiano – o ponto alto é a construção -, e o Museo de Arte de Lima, com uma extensa coleção desde a era pré-colombiana.
A próxima parada é uma das ruínas pré-incas, visita fundamental antes de seguir para Cusco. Em Lima (e arredores) existem três principais: Huallamarca (Av. Nicolás de Ribera 201 em San Isidro), Pucllana (rua General Borgoño cuadra 8 em Miraflores) e Pachacamac (a 40km de Lima). Sugerimos visita a pelo menos um dos sítios, pois possibilitará uma melhor compreensão cronológica das civilizações pré-colombianas. Como a terceira fica fora de Lima, aconselhamos escolher entre as outras duas opções.
Puccllana é a mais famosa e visitada e desde 2016 permite a visitação noturna. Essa gigantesca pirâmide de mais de 20 metros de altura era um grande templo frequentado pela elite da sociedade e local de sacrifícios.
Huallamarca é a ruína menos conhecida, embora muito bem preservada. Como queríamos conhecer outro bairro, optamos por visitá-la e não nos arrependemos. É uma pirâmide com alguns níveis acessados por rampas laterais. Possuiu três funções de acordo com o período que começa em 200 a.C.: centro cerimonial, cemitério e edifício público. O mais fantástico é observar o enorme contraste dos prédios modernos com essa construção de centenas de anos.
A 500 metros a pé pela rua Choquehuanca encontra-se mais um belo parque: o bosque El Olivar. Recomendamos uma breve visita antes de seguir para o próximo destino!
De táxi (ou aplicativo) vá a última parada: Barranco – antigo distrito da cidade que vem se transformando e revitalizando nas últimas décadas. Antigos casarões deram lugar a restaurantes e bares, o que torna o local uma ótima pedida para uma distração noturna. Além de caminhar pelas belas ruas do bairro, duas atrações são imperdíveis: o Parque do Barranco (com a Igreja La Santissima Cruz do início do século XX) e a Puente de Los Suspiros – a lenda diz que cruzar essa ponte sem respirar garante a realização de um pedido. A vista para o Pacífico é linda!
À noite sugerimos algum dos incontáveis restaurantes da cidade. No segundo dia fomos no delicioso Pescados Capitales em Miraflores (vale reservar) em Miraflores. De entrada comemos a autêntica causa (entrada feita de batata) e de prato principal comemos um risotto e um fettuccine, ambos com frutos do mar. Para acompanhar, sempre um drink diferente!
Acordamos no dia seguinte e fomos para o aeroporto de táxi, rumo a Cusco. Não se esqueça de ler sobre o Mal da Altitude (Soroche).
Gostou do roteiro e das dicas? Faça suas reservas pelas caixas de pesquisa na lateral, nos links ao longo do post ou clique para reservas de hospedagem no Booking. Você não paga nada a mais por isso e nos ajuda a manter o site. Obrigado!
Quando fui pro Peru não cheguei a conhecer Lima… Fui por terra a partir da Bolívia. Mas sabia que me arrependo? Queria muito ter ido.. Ainda mais vendo o tanto de coisas que dá pra conhecermos apenas em 2 dias! Arrasaram casal!
Muito obrigado Luisa, vale muito a pena mesmo!
O lado bom é que tem mais um motivo para você voltar, hehe!
Conseguiram conhecer bastante coisa né?! Me diz uma coisa, como se sentiram em relação a segurança em Lima? Na hora de tirar fotos, deu algum receio com objetos valiosos, sei lá? Adorei o relato e espero conhecer a cidade em breve.
Muito obrigada Juliana.
Não sentimos nenhuma insegurança na cidade, sobretudo em Miraflores.
É claro que cabe sempre um cuidado maior do que em outros destinos, mas nem se compara aos grandes centros brasileiros.
assim voces me matam!!eu estou louca real pra conhecer o Peru! Quero muito ir pra Lima e Cusco!!
Agora fiquei com vontade de fazer uma viagem gastronomica pra Lima e quero ficar mais que 2 dias !
Hehehe, Nicole!
Você captou perfeitamente a nossa impressão: além da parte histórica, Lima é verdadeiramente um paraíso gastronômico!
Acabei de voltar do Peru, mas como fiz um mochilão mais compacto, não houve tempo hábil para passar em Lima e fiquei amargamente triste por isso, porque é a capital gastronômica né? Agora já tenho um motivo para regressar a Lima. Tomei o Inca Kola e em que pese aquela cor de detergente, até gostei do sabor, rs. Assim como as demais cidades do Peru, Lima conserva muito da arquitetura espanhola. Muito bacana o post. ShoW!
Olá Carla, é sim, mas como você disse é apenas mais um motivo para voltar a esse país extremamente agradável! Você vai adorar!
Confesso que Lima nunca despertou minha curiosidade, mas ao ler seu post e ver que podemos conjugar historia antiga e moderna no mesmo passeio começa a dar aquela coceirinha pra visitar! Amo quando um post me faz mudar de opinião!
Ficamos muito felizes Aninha e temos a certeza de que não vai se arrepender quando visitar!
Sou louca para conhecer essas ruínas pré-incas!!! Amo essas coisas mais históricas! =D
vcs acharam que o custo com transporte foi alto?
Olá Thayz, você vai adorar!
De forma alguma! O custo é super baixo, devendo ter apenas o cuidado de confirmar o valor antes de entrar no táxi.
O roteiro de vcs foi bem parecido com o que eu fiz quando visitei a cidade. Bateu saudade agora lendo. Especialmente, da comida de lá. Maravilhosa! E nem achei cara! Que pena que vcs não puderam conhecer o Circuito das Águas. Achei um passeio bem agradável para o início da noite. E até que eu gostei da Inka Cola! kkkkkk!
Oi, Erik, que bom! Quer dizer que não erramos nada, hehe.
O circuito vai ficar para a próxima vez, mas sem o Inka Cola, hahah.
Grande abraço.
Morro de arrependimento de não ter conhecido Lima. Como eu estava vindo do Salar de Uyuni, na Bolívia, não era rota na ida, e na volta estava cansada. Eu adoro comer bem e o La Mar entrou na minha lista dps desse post!
Vai ficar para a próximas Sthefania (ótimo ter motivos para voltar, não?!), mas temos a certeza de que ficará encantada com o restaurante!
Quantas dicas casal, tenho muita vontade de conhecer essas ruínas pré-incas acho fantásticas, as histórias e tudo que passou por ali, só essas catacumbas que sairia correndo haaha, trip fantástica adorei
Muito obrigado Paulo.
Com certeza vocês vão curtir muito quando visitarem. São locais únicos.
Quando a gente pensa no Peru a gente imediatamente pensa em Machu Picchu, às vezes ignorando que tem muita coisa bacana pra fazer por lá, o que inclui a sua capital, Lima. 2 dias, certo? Pois 2 dias estaremos por lá quando estivermos visitando esse país! Construções muito legais, prédios históricos, e encher o bucho na Avenida La Mar!!
Você tem toda razão Igor. Ficamos muito satisfeitos que nosso post despertou exatamente essa percepção em você, porque eta nosso maior objetivo. Vai adorar!