Bruxelas, uma parada obrigatória no trajeto França-Holanda
Conforme explicamos no post sobre a Bélgica, Bruxelas é sua capital, possui pouco mais de 1,1 milhão de habitantes e, embora os idiomas mais falados sejam o francês e flamengo, a comunicação em inglês não costuma ser um problema.
Com traços de assentamentos desde a Idade da Pedra e ocupação durante o Império Romano, a região da atual Bruxelas tornou-se uma cidade apenas por volta do ano 979, com crescimento relevante três séculos mais tarde, após a construção de fortificações. No entanto, a cidade sofreu grande destruição durante a Guerra dos Nove Anos e, nos séculos seguintes, foi reconstruída, sempre com posição de destaque nos impérios que a ocuparam até sua independência, no início de século XIX. O final do século XIX e o século XX viabilizaram grande crescimento da cidade e seu entorno, adquirindo os traços até hoje vistos e importante papel econômico e político na Europa, como a capital da União Européia, com as sedes da maior parte dos órgãos do bloco.
Veja nosso guia para a cidade:
Qual a melhor época para ir em Bruxelas?
É uma cidade com clima Oceânico, com dias amenos no verão (média entre 12ºC e 23ºC) e frios no inverno (média entre 0ºC e 7ºC), com precipitações frequentes e distribuídas ao longo de todo o ano – não se esqueça do guarda-chuva! Portanto, recomendamos o período entre junho e setembro para visitar Bruxelas, quando estará mais movimentada e alegre.
Quanto tempo ficar em Bruxelas?
A maior parte dos turistas brasileiros chega de trem para passar um a dois dias antes de seguir viagem para o destino seguinte, geralmente Bruges ou alguma cidade da França ou Holanda. Esse foi o meu caso nas duas ocasiões em que visitei a cidade. Na primeira, em 2003, cheguei cedo de Paris, desci do trem, conheci a cidade e segui rumo a Amsterdam no último trem (foi corrido e não recomendo!). Na segunda, em 2011, dormimos na cidade e, por isso, tivemos um dia inteiro para visitá-la. Diante dessas duas experiências, o tempo mínimo recomendado para conhecer Bruxelas é um dia inteiro, podendo ampliar para até dois dias se preferir um passeio com mais tranquilidade.
Como chegar em Bruxelas?
Existem duas principais alternativas:
- Avião: mais incomum, porque não existem companhias aéreas que voam entre Brasil e Bélgica e, como dissemos anteriormente, este país costuma fazer parte de um roteiro mais amplo que envolve deslocamentos geralmente de trem entre as cidades. No entanto, caso chegue de avião, prefira o Brussels Zaventen Airport, que fica pertinho do centro (menos de 20 minutos!) e possui como alternativas de translado o táxi, ônibus, trem ou shuttle. Independentemente de sua escolha (sugerimos o trem!), siga para a Brussel Centraal.
- Trem: a principal alternativa. Mesmo que sua origem não tenha como destino a estação Brussel Centraal, todas são interligadas. Assim, basta comprar a passagem na própria estação (alguns passes de trem incluem esse transfer para a Estação Central de Bruxelas).
Veja dicas de como comprar, economizar e se deslocar de trem na Europa em nosso post “Como viajar de trem na Europa“.
Onde ficar em Bruxelas?
O ideal é ficar no centro para que possa fazer absolutamente tudo a pé. Nos hospedamos no simples, mas ótimo Hotel Esperance. Existem diferentes opções (veja todas aqui). Sugerimos o cinco estrelas Rocco Forte Hotel Amigo, os quatro estrelas The Dominican e Hilton Brussels Grand Place e os três estrelas (ou equivalentes!) 9Hotel Central e Motel One Brussels.
O que fazer? Roteiro!
Iniciamos o nosso roteiro, considerando a Estação Central de Bruxelas como ponto de partida – os principais hotéis ficam próximos ou será seu ponto de desembarque se for apenas passar o dia. Saia da estação em direção à Catedral dos Santos Michel e Gudule (a 300m), uma belíssima igreja católica que lembra a Notre Dame de Paris. Sua história se inicia no século IX como uma pequena capela dedicada a São Michel que foi expandida, no século XI, para devoção à mártir Santa Gudule, com muitas de suas relíquias acrescidas ao acervo da igreja. No século seguinte, a construção da catedral teve início, sendo concluída apenas 300 anos depois.
Optamos por acrescentar 3km (ida e volta) à nossa caminhada pela Rue Royale, para passarmos na Coluna do Congresso, um monumento em frente ao congresso belga construído para celebrar a criação da Constituição em 1830, no belo Jardim Botânico e na distante Igreja Real Santa Maria, de 1885. As construções são lindas, sobretudo a igreja, mas vale ponderar o tempo e cansaço para o deslocamento. Como essas atrações estão distribuídas ao longo desses 1,5km de cada trecho, não vale o transporte público na ida, mas a volta pode ser feita com o tramway, descendo na estação Parc.
Seja a pé, de tramway ou após a catedral, na própria Rue Royale, você chegará ao imenso e verde Parque de Bruxelas, criado no século XVIII. No extremo oposto está localizado o Palácio Real de Bruxelas, palácio oficial da monarquia belga. A residência oficial é Palácio Real de Laeken, nos arredores da capital. A construção sofreu inúmeras modificações desde seus primórdios, no final do século XI.
Na Place Royale, visite a Igreja Saint Jacques-sur-Coudenberg. Do final do século XVIII, tem estilo neoclássico. Não deixe de conferir as pinturas no interior! Do outro lado da praça estão o Museu Magritte, com obras do surrealista homônimo, e o Museu de Arte Moderna, dentro do complexo dos Museus Reais de Belas Artes, que engloba também o Museu Fim do Século e o Museu dos Mestres Antigos, com entrada na Rue de la Régence, alguns metros à frente.
Poucos passos adiante, você chegará na Igreja Notre-Dame du Sablon, em estilo gótico do final do século XV. Na calçada oposta, não deixe de entrar no Petit Sablon, uma pequena e agradável praça com estátuas de mais de 40 profissões. Contornando a igreja, encontramos o Grand Sablon, uma praça que, atualmente, reúne as principais e mais sofisticadas lojas de chocolate belgas, como Godiva e Neuhaus.
Após deliciar-se em uma (ou várias!) lojas, retorne à Rue de la Régence e continue até o Palácio de Justiça. Construído no século XIX e tido como uma das maiores construções desse século, é onde funciona a principal corte belga e, talvez, um dos maiores tribunais do mundo! Não deixe de contemplar, na praça a sua direita, o Monumento à Infantaria Belga (com menção às duas grandes guerras!). A vista da cidade também pode ser admirada!
Retorne em direção à Igreja Notre-Dame de la Chapelle, fundada no século XII (sua estrutura atual data do século XIII). No percurso, que tal uma parada para a panqueca belga, mais conhecida como waffle?
Menos de 500 metros adiante, na Booulevard de L’Empereur, você chegará ao Mont des Arts, com um belíssimo jardim.
Você estará de volta à Estação Central de Bruxelas. Se for ficar mais de um dia ou estiver com tempo sobrando – pelo menos 2h -, sugerimos entrar na estação, pegar o trem (15 minutos) e saltar na estação Simonis para conhecer a suntuosa Basílica Nacional do Sagrado Coração (ou Koekelberg), construída durante o século XX e uma das mais imponentes igrejas da Bélgica, e o maravilhoso Parque Elisabeth. O caminho de volta é o mesmo.
A partir da Estação Central de Bruxelas, vá para a Grand Place, principal praça belga. Tombada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, os prédios que cercam a praça são belíssimos, com detalhes em dourado. O destaque fica para a Prefeitura e a Maison du Roi, onde atualmente funciona o Museu da Cidade de Bruxelas.
Caminhe pela perpendicular Rue de l’Etuve para visitar a pequena (60cm), mas mundialmente famosa, estátua de bronze chamada Manneken-Pis – um menino que faz xixi na fonte. Foi concebida no século XVII, mas roubada inúmeras vezes. Existem várias histórias sobre sua origem, sendo as mais contadas a do lord de 2 anos que urinou em seus adversários durante uma batalha em que foi o vencedor e a de uma criança que urinou em um princípio de incêndio e salvou a cidade. Em épocas festivas ou visitas de chefes de estado, é costumeiro vestir a estátua de acordo com a ocasião.
Siga na Rue des Grands Carmes e dê uma rápida passada na simples, mas bela Igreja Notre-Dame de Bon Secours, antes de virar à direita na Rue du Midi para chegar à Igreja de Saint Nicolas, uma das primeiras de Bruxelas, construída no século XII. Observe os prédios a sua volta – belíssimos!
Logo atrás, está os fundos do belo palácio da Bolsa de Valores de Bruxelas, de 1873. Não deixe de contemplá-lo, antes de virar na Rue Jules de Van Praet, e chegar a Halles de Saint Géry, um mercado coberto do século XIX, atualmente destinado a exposições culturais.
Caminhe para a Place Sainte-Catherine e chegue à igreja homônima, do século XIX.
Retorne pela Rue de l’Evêque, até a Place de La Monnaie, onde fica o Théâtre Royal de la Monnaie, do século XIX, que recebe os principais concertos de música clássica e ballet da cidade. No trajeto, abra o apetite com os belos pescados nos mercados.
Siga até a entrada da luxuosa Galeria Real St. Hubert. Com pouco mais de 200 metros de extensão, foi inaugurada em 1847 com estilo renascentista para comunicar o mercado de vegetais ao de ervas, substituindo alguns becos que a burguesia da época não se atrevia a ingressar. Por décadas, permaneceu um centro literário frequentado por Alexandre Dumas e Victor Hugo. Atualmente abriga lojas, cafés e chocolaterias sofisticadas. É recorrente a história que o bombom surgiu em uma das farmácias da galeria, quando seu dono resolveu cobrir remédios com chocolate para torná-los mais “apetitosos”.
Entre os pavilhões que formam a galeria, acesse a Rue de Bouchers, que anteriormente abrigava os açougueiros. Hoje é um das mais famosas ruas de pedestre, repleta de cafés e restaurantes. Um destaque na rua é o Delirium Café, com seus mais de 2400 rótulos de cervejas – belgas ou estrangeiras.
Após o chocolate e o waffle, não podíamos terminar sem uma cerveja belga. Entramos em um dos restaurantes da rua para uma típica cerveja trapista – Chimay – acompanhada de um prato famoso em algumas regiões da França e também na Bélgica, as moules-frites (ou mexilhões com batatas frias). Não teria como terminar melhor!
Uma atração que muitos fazem, mas optamos por não ir foi visitar o Atomium, construído em 1958 para a Feira Mundial de Bruxelas. Além de contemplar a construção futurística, pode-se entrar nas esferas que a compõe, visitar as exposições e ter uma bela vista de Bruxelas. Para chegar, pegue a linha 5 do metrô até a estação Beekkant e, em seguida, a linha 6 até Heysel.
Após esse maravilhoso dia, seguimos na manhã seguinte para Bruges de trem, partindo da Estação Central de Bruxelas. Como explicamos melhor no post de Bruges, é possível fazer um bate e volta e é uma ótima opção para um segundo dia!
Gostou do roteiro e das dicas? Faça suas reservas pelas caixas de pesquisa na lateral, nos links ao longo do post ou clique para reservas de hospedagem no Booking. Você não paga nada a mais por isso e nos ajuda a manter o site. Obrigado!
Eu tenho muita vontade de conhecer Bruxelas, e fiquei com mais vontade depois de ler este relato!
E adorei a história do surgimento do bombom…hehe.
Beijos! Adorei!!!
Obrigado Camila. Essa história é excelente mesmo, hehe! Grande beijo.
Também adorei saber do bombom e do xixi na fonte! E vocês dois gastaram muita sola de sapato Europa a fora, hien? Bom demais!
Hehe! Muito legal do bombom né?
Ah, viajar pela Europa é bom demais, né?
A poucas horas outra cultura…
Que legal!!
E quanta igreja linda!! belas arquiteturas..
Um dia irei, pode apostar… e este post aguçou a vontade
Abraço
Muito obrigado Marthon. As igrejas são, de fato, lindíssimas!
Sou louca para conhecer Bruxelas, desde quando fiz um roteiro para lá, viajei de novo lendo o post de vocês e as fotos só me deixaram com mais vontade!
Muito obrigada. Com certeza irá adorar!
Interessante a história do bombom, mas me recuso a acreditar que algo tão bom foi pra disfarçar algo ruim! hahahahaha… adorei o post!
hahahaha! Muito obrigada!!!
Que riqueza de detalhes esse post e grandeza desse lugar.
Parabéns pelo post, adoreii.
Abraços
Muito obrigada!
Thiago, parabéns! Como sempre mandando muito bem nas dicas. Eu sou louca para conhecer a cidade e acho que um dia é sempre pouco. Fiz isso em Amsterdam e me arrependi.
Adorei as dicas e as fotos
Beijos
Obrigado Zelinda. Para Bruxelas realmente ficou apertado, mas valeu a pena! Dois seria o ideal de fato! Grande beijo.
Bruxelas vale sempre a pena visitar, assim como Ghent, Bruges, Antuérpia…
Venho cá com frequência, pois embora Portuguesa, sou filha de Mãe e toda a família materna Belga.
Com certeza uma cidade formidável.
Na próxima viagem ao país pretendemos ir a Antuérpia e Gent.
ola Thiago!! adorei o post!! terei 2 dias em Bruxelas. Este roteiro do post, vc sugere para 1 ou 2 dias? pensei em ir na minieuropa pq estarei com 2 crianças. vcs foram? gostaram? da pra fazer tranquilamente o roteiro a pé?
O trem qdo chega em Bruxelas, chega em que estação? bruxelas centraal mesmo? ou tenho que fazer uma conexão até lá?
Boa noite Juliana, ficamos felizes que tenha gostado do post.
Esse roteiro completinho é viável em um dia e a pé se excluir a basílica ou se deslocar até ela com transporte público.
No entanto, fica consideravelmente mais tranquilo e permite curtir mais a cidade se fizer em pelo menos um dia e meio.
Não fomos na Mini Europa, mas com duas crianças pequenas talvez seja uma boa pedida para contrastar com os monumentos da cidade e distrai-las!
O trem muitas vezes chega em outra estação e aí é só fazer a conexão. Depende da sua origem. De onde partem?
Qualquer dúvida seguimos à disposição e desejamos uma ótima viagem desde já.
Super obrigada!
Partimos de Amsterdam e depois seguiremos para Paris
Realmente é necessário fazer a troca de estação, mas é super simples.
Qualquer dúvida seguimos à disposição e conte conosco.
Atenciosamente.